Macumba e as religiões africanas

Ritual Umbandista, religião brasileira derivada de africanas.
Ao longo dos anos, o nome “macumba” passou a carregar uma reputação ruim, cheia de preconceitos e mitos. Mas afinal, você realmente sabe o que a macumba é?

Se analisarmos a palavra a partir do dicionário, vamos encontrar a definição: “Antigo instrumento de percussão de origem africana, que era outrora usado em terreiros de cultos afro-brasileiros”.

A Macumba, originalmente, não é o que conhecemos hoje em dia. A escritora Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho, conta em um de seus livros sobre as religiões espiritas, que Macumba na verdade é um instrumento musical de percussão angolano. O objeto é originado de uma árvore que leva o nome de Macumbe ou Macumbeira, sendo nativa do continente africano e tradicional da sua cultura. 

Os africanos costumavam considerar essa árvore sagrada, então exercitam sua fé em volta da mesma, fazendo rituais, homenagens, confraternizações e agradecimento aos seus deuses orixás. Quando os escravos vieram ao Brasil na época colonial, trouxeram consigo essas árvores, onde os escravos se reuniam para lembrar de sua terra de origem.



Árvore africana Macumbe ou Macumbeira, usada para exercer a fé.
De fato, a macumba é utilizada em uma religião, mas não para praticar o mal. “Em todos os lugares vão existir pessoas com intenções ruins, mas não podemos generalizar uma religião inteira. Nunca usei minha fé para o mal e nunca vou usar”, disse Thaiane Nascimento, praticante da religião Umbanda, onde a macumba é mal vista.

Nos dias de hoje, o instrumento musical não é tão usado nas religiões brasileira derivadas das africanas, mas o objeto se assemelha ao reco-reco, que é um instrumento utilizado por grupos de samba e pagode. No Brasil, achamos o reco-reco facilmente feito de aço, já o instrumento angolano, é feito de madeira.


Reco-reco, instrumento similar a macumba, utilizada no samba e pagode.
O que seriam então os artefatos que encontramos vez ou outra pelas ruas, e somos orientados a não chegarmos perto, pois algo de ruim pode nos acontecer? O nome correto para isso seria oferenda. A oferenda, segundo o Teólogo Rodrigo Oliveira, é a forma que os religiosos acham de, quando pedem algo que precisam ao deus que louvam, dar-lhe algo em troca.

No Brasil e na África, as oferendas ocorrem de modos um pouco diferentes, pela diferença cultural dos dois lugares. Enquanto no Brasil são oferecidos cumbucas, farofas e afins, na África, os presentes que são dados aos deuses, podem ser até animais.

“Quando você faz um pedido ao seu deus, você espera receber algo em troca, sem saber como ou quando. Nas religiões vindas das africanas, eles acreditam que quando é direcionado energias ao seu deus, eles acreditam que o pedido venha mais rápida. Se pararmos para pensar, isso não está tão longe da nossa realidade, já que nas religiões cristãs, oferecemos dízimos e ofertas em troca do que estamos pedindo”, explica Rodrigo.


Os famosos “despachos” que encontramos em encruzilhadas ganharam a mesma fama que a macumba, sendo até consideradas a mesma coisa. Segundo a revista Mundo Estranho, os despachos são oferendas para o orixá Exu, e são postas em encruzilhadas pois acreditam que elas sejam uma passagem entre dois mundos. Os despachos geralmente são pedindo proteção, mas é claro que alguma pessoas devem o utilizar para o mal. Apesar da fama, a religião Umbanda e Candomblé não incentivam a pratica do mal.

Segundo estudos antropológicos, podemos analisar que o preconceito com as religiões africanas surgiram por volta da metade do século 20, pelas igrejas neopentecostais que consideravam quaisquer prática, sem ser a cristã, profanas.

O preconceito é histórico em nossa sociedade, nos instruindo desde muito cedo a ver certas praticas com maus olhos. Mas buscando conhecimentos novos, podemos quebrar os diversos tabus e receios que deixamos crescer conosco, aprendendo a aceitar o próximo com seus jeitos, crenças  e pensamentos. 

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